domingo, novembro 28

O ser humano é um computador muitooo inteligente.

Cena um bocado estranho o.O mas gosto muito ;D foscasse, leiam o resto da porra do livro porque aquilo é altamente crg :O
  melhor livro de sempreeeee : D
   "(...)"Talvez tenha mais tempo do que pensa", ouviu-se a dizer. "Talvez o nosso corpo morra, mas a alma sobreviva e o pai possa, numa reencarnação, corrigir os erros desta vida. O pai acredita nisso?" (...)
   "Gostaria de acreditar, claro. Quem é que, estando na minha posição, não gostaria de acreditar em tal coisa? A sobrevivência da alma. A possibilidade de ela reencarnar mais tarde em alguém e eu poder voltar a viver. Que idéia tão bonita." Abanou a cabeça. "Mas eu sou um homem de ciência e tenho o dever de não me deixar iludir."
   "O que quer dizer com isso? Acha que não é possível a alma sobreviver?"
   "Mas o que é isso da alma?" (...) "Escuta, Tomás", disse. "Olha para mim. O que vês?"
   "Uh... vejo o pai." 
   "Vês um corpo."
   "Sim."
   "É o meu corpo. Refiro-me a ele como se dissesse: é a minha televisão, é o meu carro, é a minha caneta. Neste caso, é o meu corpo. E algo que é meu, é uma propriedade minha. Mas se eu digo, o corpo é meu, o que eu estou a dizer é que eu não sou o corpo. O corpo é meu, não sou eu. Então, o que sou eu?" Colou o dedo à testa. "Eu sou os meus pensamentos, a minha experiência, os meus sentimentos. Isso sou eu. Eu sou uma consciência. Mas agora repara. Será que a minha consciência, este eu que sou eu, é a alma?"
   "Uh... sim, suponho que sim."
   "O problema é que este eu que sou eu é produto de substâncias químicas que me circulam pelo corpo, de transmissões elétricas entre neurônios, de heranças genéticas codificadas no meu ADN, de um sem-número de condicionalismos exteriores e intrínsecos que moldam este eu que sou eu. O meu cérebro é uma complexa máquina eletroquímica que funciona como um computador e a minha consciência, esta noção que eu tenho da minha existência, é uma espécie de programa. Percebes? De uma certa forma, e literalmente, os miolos são o hardware, a consciência o software. O que levanta naturalmente questões interessantes. Será que um computador tem alma? Se o ser humano é um computador muito complexo, será que ele próprio tem alma? Se todo o circuito morrer, a alma sobrevive? Sobrevive onde? Em que sítio?"
   "Bem... uh... ergue-se do corpo e vai... uh... vai..."
   "Vai para o céu?"
   "Não, vai... sei lá, vai para uma outra dimensão."
   "Mas de que é feita essa alma que se ergue do corpo? De átomos?"
   "Não, acho que não. Deve ser uma substância incorpórea."
   "Não tem átomos?"
   "Julgo que não. É um... uh... um espírito."
   "Bem, isso leva-me a formular uma outra pergunta", observou o matemático. "Será que, um dia, no futuro, a minha alma se lembra desta minha existência?
   "Sim, dizem que sim."
   "Mas isso não faz sentido, pois não?" 

   "Por que não?"
   "Repara, Tomás. Como é que nós organizamos a nossa consciência? Como é que eu sei que sou eu, que sou um professor de Matemática, que sou teu pai e marido da tua mãe? Que nasci em Castelo Branco e que já estou quase careca? Como é que eu sei tudo sobre mim?"
   "O pai conhece-se por causa do que viveu, do que fez e do que disse, do que ouviu e viu e aprendeu."
   "Exato. Eu sei que sou eu porque tenho memória de mim mesmo, de tudo o que me aconteceu, mesmo o que aconteceu há apenas um segundo. Eu sou a memória de mim mesmo. E onde se localiza essa memória?"
   "No cérebro, claro."
   "Nem mais. A minha memória encontra-se localizada no cérebro, armazenada em células. Essas células fazem parte do meu corpo. E é aqui que está a questão. Quando o meu corpo morre, as células da memória deixam de ser alimentadas por oxigênio e morrem também. Apaga-se assim toda a minha memória, a lembrança do que eu sou. Se assim é, como raio pode a alma lembrar-se da minha vida? Se a alma não tem átomos, não pode ter células da memória, não é? Por outro lado, as células onde a memória da minha vida se encontrava gravada já morreram. Nessas condições, como é que a alma se lembra do que quer que seja? Não achas tudo isso um pouco sem sentido?"
   "Mas o pai fala como se nós fôssemos todos umas máquinas, uns computadores." Abriu as mãos, como quem expõe uma evidência. "Eu tenho uma novidade para lhe dar. Nós não somos computadores, somos gente, somos seres vivos."
   "Ah, sim? E qual é a diferença entre os dois?"
  "Bem, nós pensamos, sentimos, vivemos. Os computadores não." Os seres vivos são biológicos, os computadores não passam de circuitos." (...)
   "O que disseste, filho, é o que qualquer biólogo diria. (...) Mas, se perguntares a um biólogo o que é a vida, ele vai-te responder mais ou menos assim: a vida é um conjunto de processos complexos baseados no átomo de carbono." Ergueu o indicador. "Atenção. Mesmo o mais lírico dos biólogos reconhece, no entanto, que a expressão-chave desta definição não é átomo de carbono, mas processos complexos. É verdade que todos os seres vivos que conhecemos são constituídos por átomos de carbono, mas não é isso verdadeiramente o que é estruturante para a definição da vida. Há bioquímicos que admitem que as primeiras formas de vida na Terra não foram baseadas nos átomos de carbono, mas nos cristais. Os átomos são apenas a matéria que torna a vida possível. Não interessa se é o átomo A ou o átomo B. Imagina que eu tenho o átomo A na cabeça e que, por algum motivo, ele é substituído pelo átomo B. Será que eu deixo de ser eu só por esse motivo?" Abanou a cabeça. "Não me parece. O que faz com que eu seja eu é um padrão, uma estrutura de informação. Ou seja, não são os átomos, é a forma como os átomos se organizam." Tossiu. "Sabes de onde é que vem a vida?"
   "Vem de onde?"
   "Vem da matéria."
   "Ora, grande novidade!"
  "Não estás a perceber onde é que eu quero chegar." Bateu com o dedo na mesa. "Os átomos que estão no meu corpo são exatamente iguais aos átomos que estão nesta mesa ou numa qualquer galáxia distante. Eles são todos iguais. A diferença está na forma como eles se organizam. O que é que achas que organiza os átomos de modo a formarem células vivas?"
   "Uh... não sei."
   "Será uma força vital? Será um espírito? Será Deus?"
   "Se calhar..."
   "Não, filho", disse, abanando a cabeça. "O que organiza os átomos de modo a formarem células vivas são as leis da física. É essa a questão central. Repara, como pode um conjunto de átomos inanimados formar um sistema vivo? A resposta está na existência de leis de complexidade. Todos os estudos mostram que os sistemas se organizam espontaneamente, de modo a criarem sempre estruturas cada vez mais complexas, em obediência a leis da física e exprimindo-se por equações matemáticas. Houve até um físico que ganhou o Prêmio Nobel por demonstrar que as equações matemáticas por detrás das reações químicas inorgânicas são semelhantes às equações que regem os padrões de comportamento simples de sistemas biológicos avançados. Ou seja, os organismos vivos são, na verdade, o produto de uma incrível complexificação dos sistemas inorgânicos. E essa complexificação não resulta da atividade de uma qualquer força vital, mas da organização espontânea da matéria. Uma molécula, por exemplo, pode ser constituída por um milhão de átomos ligados de uma forma muito específica e complicada, e a sua atividade é controlada por estruturas químicas tão complexas que se assemelham a uma cidade. Entendes onde eu quero chegar?"
   "Hmm... sim."
   "O segredo da vida não está nos átomos que constituem a molécula, está na sua estrutura, na sua organização complexa. Essa estrutura existe porque obedece a leis de organização espontânea da matéria. E, da mesma maneira que a vida é o produto da complexificação da matéria inerte, a consciência é o produto da complexificação da vida. A complexidade da organização é que é a questão-chave, não é a matéria." Abriu uma gaveta e pegou num livro de receitas, que abriu, exibindo o interior. "Estás a ver estas letras? Estão impressas com que cor de tinta?"
   "Preta."
   "Imagina que, em vez de tinta preta, o tipógrafo utilizava tinta roxa." Fechou o livro e acenou com ele. "Será que a mensagem deste livro deixaria de ser a mesma?"
   "Claro que não."
   "É evidente que não. (...) O que é estruturante, pois, não é a fonte nem a cor da tinta das letras, é a estrutura do texto, a sua semântica, a sua organização. O mesmo se passa com a vida. Não importa se a vida é baseada no átomo de carbono ou em cristais ou em qualquer outra coisa. O que faz a vida é uma estrutura de informação, é uma semântica, é uma organização complexa. Eu chamo-me Manuel e sou professor de Matemática. Podem-me tirar o átomo A e meter o átomo B no corpo, mas, desde que esta informação seja preservada, desde que esta estrutura se mantenha intacta, eu continuo a ser eu. Podem-me mudar todos os átomos e substituí-los por outros, que eu continuo a ser eu. Aliás, já está provado que, ao longo da vida, vamos mesmo mudando quase todos os átomos. E, no entanto, eu continuo a ser eu. Peguem no Benfica e mudem-lhe todos os jogadores. Mas o Benfica permanece, continua a ser o Benfica, independentemente de jogar este ou aquele jogador. O que faz o Benfica não são os jogadores A ou B, é um conceito, é uma semântica, é uma estrutura de informação. O mesmo se passa com a vida. Não interessa qual o átomo que, num dado momento, preenche a estrutura. O que interessa é a estrutura em si. Desde que os átomos viabilizem a estrutura de informação que define a minha identidade e as funções dos meus órgãos, a vida é possível. Entendeste?"
   "Sim."
  "A vida é uma muito complexa estrutura de informação e todas as suas atividades envolvem processamento de informação." Tossiu. "Esta definição, no entanto, tem uma profunda consequência. É que, se o que constitui a vida é um padrão, uma semântica, uma estrutura de informação que se desenvolve e interage com o mundo em redor, nós, feitas as contas, somos uma espécie de programa. A matéria é o hardware, a nossa consciência é o software." Encostou o dedo à testa. "Nós somos um muito complexo e avançado programa de computador." (...)
   "Por essa definição, um computador é um ser vivo."
   "Sem dúvida. É um ser vivo que não é construído por átomos de carbono."
   "Mas isso não é possível!"
   "Por que não?"
   "Porque um computador limita-se a reagir a um programa pré-definido."
   "Que é o que fazem todos os seres vivos baseados nos átomos de carbono", devolveu o pai. O teu problema é que um computador é uma máquina que funciona na base do estímulo-resposta programada, não é?"
   "Uh... sim."
   "E o cão de Pavlov? Não funciona na base do estímulo-resposta programada? E uma formiga? E uma planta? E um gafanhoto?"
   "Bem... sim, mas é... diferente."
   "Não é nada diferente. Se conhecermos o programa do gafanhoto, se soubermos o que o atrai e o repele, o que o motiva e o que o assusta, poderemos prever todo o seu comportamento. Os gafanhotos têm programas relativamente simples. Se acontecer X, eles reagem de maneira A. Se acontecer Y, eles reagem de maneira B. Exatamente como uma máquina concebida por nós."
   "Mas os gafanhotos são máquinas naturais. Os computadores são máquinas artificiais."
(...) "Olha ali para as aves. Os ninhos que eles constroem nas árvores são naturais (...) Então tudo o que o homem faz também é natural. Nós, que temos um conceito antropocêntrico da natureza, é que dividimos tudo entre coisas naturais e coisas artificiais, sendo que definimos que as artificiais são as feitas pelos homens e as naturais feitas pela natureza, pelas plantas e pelos animais. Mas isso é uma convenção humana. A verdade é que, se o homem é um animal, tal como as aves, então é uma criatura natural, certo?"
   "Sim."
   "Sendo uma criatura natural, tudo o que ele faz é natural. Logo, as suas criações são naturais, da mesma maneira que o ninho feito pelas aves é uma coisa natural." Tossiu. "O que eu quero dizer é que tudo na natureza é natural. Se o homem é um produto da natureza, então tudo o que ele faz também é natural. Apenas por uma convenção de linguagem se estabeleceu que os objetos que ele cria são artificiais, quando, na verdade, são tão naturais quanto os objetos que as aves criam. Logo, sendo criações de um animal natural, os computadores, tais como os ninhos, são naturais."
    "Mas não têm inteligência."
    "Nem as aves ou os gafanhotos têm." Fez uma careta. "Ou melhor, as aves, os gafanhotos e os computadores têm inteligência. O que eles não têm é a nossa inteligência. Mas, por exemplo, no caso dos computadores, nada garante que, daqui a cem anos, eles não venham a ter uma inteligência igual ou superior à nossa. E, se atingirem o nosso grau de inteligência, podes estar certo de que desenvolverão emoções e sentimentos e tornar-se-ão conscientes."
   "Isso não acredito." (...)
   "Achas que os computadores não podem ter emoções, não é?"
   "É. Nem emoções nem consciência."
  "Pois estás muito enganado." Inspirou fundo, normalizando a respiração. "Sabes, as emoções e a consciência resultam de se atingir um determinado grau de inteligência. Ora, o que é a inteligência? Hã?"
   "A inteligência é a capacidade de fazer raciocínios complexos, acho eu."
   "Exato. Ou seja, a inteligência é uma forma de elevada complexidade. E não é preciso atingir-se o grau da inteligência humana para se criar a consciência.im. O cão tem emoções e consciência. Logo, as emoções e a consciência são mecanis Por exemplo, os cães são muito menos inteligentes do que os homens, mas, se perguntares ao dono de um cão se o seu cão tem emoções e consciência das coisas, ele dir-te-á, sem hesitar, que smos que emergem a partir de um determinado grau de complexidade de inteligência."
   "Portanto, o pai acha que os computadores, se atingirem esse grau de complexidade, tornar-se-ão emotivos e conscientes?"
   "Sem dúvida." (...)
   "Mas o pai acha que é mesmo possível tornar um computador inteligente? Acha que é possível que ele pense por si só?"
   "Claro que é. Aliás, os computadores já são inteligentes. São mais inteligentes do que uma minhoca, por exemplo." (...) Ora, o que é que separa a inteligência do ser humano da inteligência da minhoca? A complexidade. O nosso cérebro é muito mais complexo do que o da minhoca. Obedece aos mesmos princípios, ambos têm sinapses e ligações, só que o cérebro humano é incomensuravelmente mais complexo do que o da minhoca." Bateu na parte lateral da cabeça. (...) "Um cérebro é uma massa orgânica que funciona exatamente como um circuito eléctrico. Em vez de ter fios, tem neurônios, em vez de ter chips, tem miolos, mas é precisamente a mesma coisa. O seu funcionamento é determinista. As células nervosas disparam um impulso elétrico em direcção ao braço com uma determinada ordem, segundo um padrão de correntes elétricas pré-definidas. Um diferente padrão produziria a emissão de um diferente impulso. Exatamente como um computador. O que eu quero dizer é que, se nós conseguirmos tornar o cérebro do computador muito mais complexo do que é atualmente, poderemos pô-lo a funcionar ao nosso nível."
   "E é possível torná-los tão inteligentes quanto os seres humanos?"
  "Em teoria, nada o impede. Repara, os computadores já batem os seres humanos na velocidade de cálculo. Onde eles apresentam enormes deficiências é na criatividade. Um dos pais dos computadores, um inglês chamado Alan Turing, estabeleceu que, no dia em que conseguirmos manter com um computador uma conversa exatamente igual à que teríamos com qualquer outro ser humano, então é porque o computador pensa, é porque o computador tem uma inteligência ao nosso nível."
(...) "Mas isso é mesmo possível?"
   "Bem... uh... é verdade que, durante muito tempo, os cientistas acharam que não, devido a um complicado problema matemático." Tossiu. "Sabes, nós, os matemáticos, sempre acreditamos que Deus é um matemático e que o universo está estruturado segundo equações matemáticas. Essas equações, por mais complexas que pareçam, são todas elas resolúveis. Se não se consegue resolver uma equação, isso não se deve ao fato de ela ser irresolúvel, mas às limitações do intelecto humano em resolvê-la."
   "Não estou a ver onde quer chegar..."
   "Já vais perceber", prometeu o pai. "A questão dos computadores poderem ou não adquirir consciência está ligada a um dos problemas da matemática, a questão dos paradoxos autoreferenciais. Por exemplo, repara no que eu vou dizer. Eu só digo mentiras. Notas aqui alguma anomalia?"
   "Em quê?"
   "Nesta frase que eu acabei de formular. Eu só digo mentiras."
Tomás soltou uma gargalhada.
   "É uma grande verdade."
O pai olhou-o com ar condescendente.
   "Ora aí está. Se é verdade que eu só digo mentiras, então, tendo dito uma verdade, eu não digo só mentiras. Se a frase é verdadeira, ela própria contém uma contradição dentro de si." Agitou as sobrancelhas, satisfeito consigo próprio. "Durante muito tempo, pensou-se que este era um mero problema semântico, resultante das limitações da língua humana. Mas, quando este enunciado foi transposto para uma formulação matemática, a contradição manteve-se. Os matemáticos passaram muito tempo a tentar resolver o problema, sempre na convicção de que ele era resolúvel. Essa ilusão foi desfeita em 1931 por um matemático chamado Kurt Gódel, que formulou dois teoremas, chamados da Incompletude. Os teoremas da Incompletude são considerados um dos maiores feitos intelectuais do século XX e deixaram os matemáticos em estado de choque." Hesitou. "É um pouco complicado explicar em que consistem estes teoremas (...) A questão essencial é que Gódel provou que não existe nenhum procedimento geral que demonstre a coerência da matemática. Há afirmações que são verdadeiras, mas não são demonstráveis dentro do sistema. Esta descoberta teve profundas consequências, ao revelar as limitações da matemática, expondo assim uma sutileza desconhecida na arquitetura do universo."
   "Mas o que tem isso a ver com os computadores?"
   "É muito simples. Os teoremas de Gódel sugerem que, por mais sofisticados que sejam, os computadores vão sempre enfrentar limitações. Apesar de não conseguir mostrar a coerência de um sistema matemático, o ser humano consegue perceber que muitas afirmações dentro do sistema são verdadeiras. Mas o computador, colocado perante tal contradição irresolúvel, bloqueará. Logo, os computadores jamais serão capazes de igualar os seres humanos."
   "Ah, já percebi", exclamou Tomás. Fez um ar satisfeito. "Então o pai está-me a dar razão..."
   "Não necessariamente", disse o velho matemático. "A grande questão é que nós podemos apresentar ao computador uma fórmula que sabemos ser verdadeira, mas que o computador não pode provar que é verdadeira. É verdade. Mas também é verdade que o computador nos pode fazer o mesmo. A fórmula só não é demonstrável para quem está a trabalhar dentro do sistema, entendes? Quem estiver fora do sistema consegue provar a fórmula. Isso é válido para um computador como para um ser humano. Conclusão: é possível um computador ser tão ou mais inteligente quanto as pessoas."
Tomás suspirou.
   "Tudo isso para provar o quê?"
 "Tudo isso para te provar que não passamos de computadores muito sofisticados. Achas que os computadores podem vir a ter alma?"
   "Que eu saiba, não."
  "Então, se nós somos computadores muito sofisticados, também não podemos ter. A nossa consciência, as nossas emoções, tudo o que sentimos é resultado da sofisticação da nossa estrutura. Quando morrermos, os chips da nossa memória e da nossa inteligência irão desaparecer e nós apagamo-nos." Respirou fundo e encostou-se na cadeira. "A alma, meu querido filho, não passa de uma invenção, de uma maravilhosa ilusão criada pelo nosso ardente desejo de escaparmos à inevitabilidade da morte." (...)"






Excerto do melhor livro de todos os que já li (que foram para aí uns 20 ahahaha)  *-*

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